Artigo: Cidades compactas são mais eficientes

08/02/2024 08:58

Manter a cidade compacta é uma solução eficiente e sustentável para lidar com o crescimento urbano. A concentração inteligente de recursos e o aproveitamento da infraestrutura existente não apenas otimizam o uso do espaço, como também reduzem custos operacionais e estimulam o desenvolvimento. Nesse contexto, o adensamento é uma das chaves para o futuro de Porto Alegre.

A fase de leitura da cidade da revisão do Plano Diretor mostrou que a Capital tem áreas consolidadas estratégicas para seu desenvolvimento. O Centro expandido, por exemplo, concentra empregos, serviços e redes robustas de transporte, água e saneamento. Então, atrair mais pessoas para a região é fundamental. Isso ajuda a reduzir gastos com zeladoria e manutenção de serviços, permitindo direcionar recursos para áreas a consolidar.

A Capital tem áreas consolidadas estratégicas para seu desenvolvimento. Quanto mais a população está distribuída no território, maior o custo para levar serviços e infraestrutura. Dados da Secretaria Municipal da Fazenda e exemplos reais comprovam isso. Quando comparamos duas escolas com as mesmas características, uma no bairro Petrópolis e outra na Zona Sul, em área menos populosa, atestamos que o custo por aluno tem uma diferença de quase R$ 1,2 mil anual. Assim, garantir vagas para mil estudantes em áreas mais afastadas chega a custar, por ano, R$ 1 milhão a mais do que em área mais adensada, dependendo do número de vagas e de características da escola.

Lógica igual ocorre em setores como saúde e saneamento básico. O valor médio de um atendimento do Samu no entorno do HPS, onde há maior concentração populacional, é de R$ 7,1 mil. Na Lomba do Pinheiro, um dos extremos da Capital, o valor sobe para R$ 11,7 mil. Já o Dmae, por exemplo, tem custo de R$ 6,61 para entregar cada metro cúbico (mil litros) de água no Belém Novo. Em um bairro mais central, como o Menino Deus, esse valor baixa para R$ 4,28. No entanto, a tarifa de R$ 4,86 é única na cidade, representando uma média dos custos por bairro.

A concentração de pessoas e atividades em um território menor beneficia a economia por aproximar consumidores, mão de obra e empresas, diminui a pressão sobre áreas verdes, reduz custos ambientais porque exige deslocamentos menores e, principalmente, melhora a qualidade de vida das pessoas. Quem não gosta de morar perto do trabalho e de espaços de lazer estruturados?

Rodrigo Fantinel - Secretário da Fazenda de Porto Alegre

Artigo publicado na edição de 8 de fevereiro do jornal Zero Hora

  

 

Cristiano Vieira