Crianças do Jardim conhecem novo projeto do Museu de Porto Alegre

09/08/2019 18:27
Adriano Amaral/SMED PMPA
EDUCAÇÃO
Oficina Baú de Histórias Adormecidas se dispõe a resgatar brincadeiras antigas

Alunos do Jardim A2 (4 anos) da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim de Praça (Emei JP) Cantinho Amigo, bairro Azenha, participaram da oficina Baú de Histórias Adormecidas, no Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, na tarde desta sexta-feira, 9. A atividade, que também pode ser acompanhada pelos pais das crianças, é relacionada ao projeto de estudos Baú das Famílias, da turma Jardim A1, que tem aula pela manhã, mas acabou envolvendo toda a escola em uma viagem de volta ao tempo em que as brincadeiras ocorriam na rua durante toda a tarde. 

A professora das turmas JA1 e JA2, Márcia Martins Proença, explica que os alunos, que hoje vivem em mundo cheio de tecnologia e aparelhos eletrônicos, aprendem com o projeto sobre a infância e as brincadeiras do tempo de seus avós. São várias etapas dentro da proposta de resgate e aprendizagem das memórias antigas por meio de brinquedos. "Agora faremos uma entrevista de como eram as brincadeiras, quais eram os brinquedos preferidos dos pais e onde eles costumavam brincarâ€, conta. A próxima fase é reunir os brinquedos em um baú da própria turma, que será guardado na escola. 

A oficina Baú de Histórias Adormecidas se dispõe a resgatar brincadeiras antigas e relacioná-las com a história do Museu, que abrigou a família do comerciante Lopo Gonçalves Bastos, nos anos de 1800. O passeio guiado começa pela sala de entrada, que apresenta a planta da chácara, bem como a história de seus antigos moradores. Fotos e objetos antigos, como a escarradeira, chamam a atenção das crianças, que correm os olhos curiosos pela sala. A próxima sala exibe uma planta dupla de Porto Alegre nos seus primeiros anos de vida e nos dias atuais e, novamente, a curiosidade é dos alunos interrompe as explicações da guia.

O ponto alto da visita é a contação da história da amizade entre Maria Luisa, filha do dono da casa de chácara, e do escravo Alexandre. Os alunos sentam em roda para escutar uma narrativa que quebra as barreiras do tempo, do preconceito e das convenções sociais. Maria Luisa e Alexandre, apesar de suas diferenças, eram crianças que queriam fazer o que todas as outras fazem: brincar e se divertir. Eles se encontravam à noite, enquanto todos dormiam, e brincavam no jardim. Os brinquedos ficavam escondidos em um baú entre as árvores.

Entre os brinquedos preferidos dos amigos, estavam a peteca, as bonecas de pano e de louça, o bilboquê, o pião e as cinco-marias. Segundo a história, uma ampulheta marcava as horas, para que as crianças não se distraissem e fossem descobertas.

Apesar dos personagens terem de fato existido, a história é fictícia. A professora de música e estagiária de museologia, Luana Bomfim, é a responsável pelo planejamento da oficina, dando ao Baú de Histórias Adormecidas elementos lúdicos e musicais. “Não descartamos que a história tenha acontecido, porque era muito comum naquela época que os filhos dos escravizados brincasseem com os filhos dos senhores, porém isso geralmente era proibidoâ€, esclarece Luana.

A professora Márcia garante que a oficina avançou os trabalhos com o JA1. “Para eles parece que a Maria Luisa é uma colega de aula, eles falam muito sobre a históriaâ€. As crianças desfrutaram dos mesmos brinquedos da oficina, tornando o passeio descontraído em uma viagem no tempo. Após a contação da história as crianças brincaram de ciranda, cantando junto dos pais e professores a cantiga “Oh meu belo casteloâ€.

Segundo a técnica em cultura responsável pelo setor educativo, Lucia Maria Goulart Jahn, a história de Maria Luisa e Alexandre, que compõe a oficina, tem como objetivo tornar o Museu mais acessível e atrativo para crianças de 4 a 7 anos. “O museu não é só um lugar onde as coisas estão estacionadas e paradas, é um lugar de movimento, em que as histórias continuam vivasâ€, completa Lucia.

A oficina e as visitas guiadas são oferecidas pelo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo mediante agendamento, que podem ser feitos pelo e-mail (educativomuseu@portoalegre.rs.gov.br). A entrada é franca.

  

 

Vitória Garcia (estagiária) / Supervisão: Cristina Lac

Gilmar Martins