Um grupo de 20 educadoras das escolas públicas infantis e de ensino fundamental das redes municipal e comunitária reuniu-se nesta quarta-feira, 24, para contribuir com a construção do currículo para a Educação Infantil de Porto Alegre. O documento, previsto para ser finalizado em novembro, servirá para subsidiar os professores desta etapa da educação básica em suas práticas pedagógicas para as crianças de zero a cinco anos a partir das novas determinações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O texto da BNCC, homologada em 20 dezembro de 2017 pelo Ministério da Educação e com prazo de implantação até 2020, define os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, os campos de experiência a serem trabalhados e orienta a construção do currículo, o que ficou cargo dos municípios. Na Smed, o grupo de trabalho é composto por professores, diretores, supervisores e coordenadores pedagógicos das escolas, que atuam em conjunto com a equipe técnico-pedagógica.

Em 2018, a pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) deu início ao processo com um programa de escuta da comunidade escolar. Em sete rodas de conversa, a área Pedagógica ouviu 130 depoimentos de pais, crianças e profissionais da educação da rede, que apontaram suas impressões sobre como pensar a escola e a aprendizagem, sobre o que é um currículo, como ele deve ser estruturado e o que é indispensável em seu conteúdo enquanto documento.

Neste ano, o currículo passou para a fase de redação, com atenção especial em mostrar a teoria na prática e utilização de recursos gráficos que tornem a leitura mais atrativa. “Estamos produzindo um documento para servir de suporte a todos os professores de educação infantil da cidade, incluindo a rede privada, mas de fácil manuseio e consulta. A BNCC traz novos paradigmas para o referencial curricular, com diferentes significados e avanços quanto ao papel do professor e aluno”, destaca a coordenadora de Educação Infantil da Smed, Gisele Soares.

A principal mudança está no fato de o currículo não mais ser centrado nas áreas do conhecimento, e sim no aluno, tendo a criança e suas experiências no cotidiano da escola como protagonista. Interação e brincadeiras são os eixos norteadores, e a função dos professores deve ser a de criar o contexto, as oportunidades, os materiais, o tempo e os espaços para que as experiências aconteçam e sejam potencializadas.

E para auxiliar os professores na criação dos contextos para a aprendizagem com base nas vivências do cotidiano, conforme preconiza a BNCC, a Smed constituiu o grupo de trabalho. Após a análise de práticas trabalhadas em diferentes escolas, as componentes do grupo agora estão encarregadas de construir narrativas de práticas pedagógicas que se destacaram em suas escolas e que tenham as diretrizes da BNCC contempladas e elucidadas. O material, de cunho prático, ilustrará o conteúdo teórico do currículo da educação infantil de Porto Alegre. O próximo encontro ocorrerá no dia 30.

Os seis direitos de aprendizagem que devem ser colocados em prática na Educação Infantil a partir da BNCC: conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se.

Os campos de experiência que devem ser trabalhados:

- O eu, o outro e o nós: visa à construção da identidade e, também, da subjetividade da criança

- Corpo, gestos e movimentos: atividades e situações nas quais o uso do espaço com o corpo e variadas formas de movimentos são exploradas

- Traços, sons, cores e formas: prioriza o contato com variadas manifestações culturais, artísticas e científicas, e com as linguagens visuais e musicais

- Escuta, fala, pensamento e imaginação: enfatiza as atividades práticas com foco na linguagem oral, ampliando as formas de comunicação da criança em situações sociais

- Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações: favorece a construção das noções de espaço em situações estáticas e dinâmicas, colaborando para que a criança aprenda a reconhecer seu esquema corporal e sua percepção espacial a partir do seu corpo e dos objetos a seu alcance