Prefeitura reforça condições para transição da gestão de média e alta complexidade

30/04/2025 19:35

Em nova reunião do grupo de trabalho realizada nesta quarta-feira, 30, na Secretaria Estadual da Saúde (SES), representantes da Prefeitura de Porto Alegre reforçaram que o grupo instituído pelo Estado se trata de uma comissão técnica de avaliação e não de uma mesa de transição. O objetivo da comissão, conforme ressaltado pelos representantes municipais, é discutir as condições jurídicas, técnicas e financeiras para uma eventual mudança na gestão da média e alta complexidade da Capital.

O objeto proposto para debate na reunião desta terça foi o aporte emergencial de recursos, tema que permanece sem encaminhamento por parte do Estado. Durante a fala inicial, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, manifestou preocupação com a sobrecarga enfrentada pela rede hospitalar, especialmente diante do aumento da demanda regional que Porto Alegre vem absorvendo sem contrapartida proporcional de financiamento.

Ritter destacou que a prefeitura tem reiterado a gravidade do cenário assistencial, com sucessivos episódios de restrição de atendimento em emergências hospitalares nos últimos dias. Hospitais como Santa Casa, Clínicas e São Lucas chegaram a limitar o acesso de pacientes, enquanto o HPS e o Hospital Cristo Redentor continuam operando com superlotação.

"Temos alertado repetidamente sobre a pressão crescente no sistema. Os boletos continuam chegando e os hospitais estão à beira do colapso. Essa realidade precisa ser enfrentada agora, antes de qualquer discussão sobre mudanças futuras", afirmou o secretário.

A prefeitura é favorável à discussão sobre uma eventual transição da gestão hospitalar, mas condiciona qualquer avanço à integralidade da proposta. Isso significa que a transferência só será viável se envolver a gestão plena, com garantias de financiamento adequado, equipes completas, estrutura física e responsabilidade total pela média e alta complexidade, e não apenas a parte hospitalar.

“As dificuldades enfrentadas pelo município estão postas. Temos compromissos firmados e legitimados pela população que precisam ser considerados e priorizados nesta construção coletiva. O interesse primordial da gestão é construir com o Estado uma solução que traga melhorias para a cidade e, principalmente, para o cidadão”, reiterou o secretário Geral de Governo, André Coronel.

Financiamento - A prefeitura também solicitou novamente o agendamento de uma reunião específica para discutir o financiamento da rede, bem como o envio da ata da reunião anterior, que ainda não havia sido compartilhada até o início do encontro desta quarta.

No contexto de crescente pressão sobre os serviços de saúde, a prefeitura já investiu R$ 439 milhões em ações emergenciais em 2024 e apresentou ao governo estadual proposta de Operação Inverno, estimada em R$ 16,9 milhões para 122 dias, com ampliação de leitos clínicos e de UTI. Também aguarda resposta formal do governo federal ao ofício que pede recomposição mensal de R$ 49,3 milhões no Teto MAC.

Para a prefeitura, a discussão sobre o futuro da gestão hospitalar não pode desviar o foco da urgência: assegurar os atendimentos da população nos próximos meses, especialmente com a chegada do inverno.

A secretária estadual, Arita Bergmann, ponderou que não está fechada a possibilidade de análise de recursos ao Município.

 

Carolina Zeni

Gilmar Martins