Não há caminho seguro para o futuro que não passe pela sala de aula. Investir em educação não é apenas um imperativo moral - é uma estratégia de desenvolvimento, justiça social e soberania nacional. E o Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, já não pode mais adiar as decisões que moldarão as próximas décadas. Quem se omite hoje compromete o amanhã.

Vivemos uma crise silenciosa. Enquanto o debate público se dispersa em ideologias estéreis, crianças enfrentam defasagens graves, professores adoecem e escolas travam batalhas diárias contra a falta de estrutura e apoio. O custo dessa omissão é imenso: baixa produtividade, desigualdade persistente, evasão escolar e uma geração que se sente cada vez mais distante de um futuro promissor.

É preciso reordenar prioridades. O Brasil gasta muito e cobra pouco. E quando falo em resultado, não me refiro a rankings frios, mas à capacidade de formar cidadãos preparados, críticos e com instrumentos reais para prosperar. O sucesso de uma política educacional deve ser medido pelo sucesso da vida das pessoas, não por discursos de gabinete ou slogans de ocasião.

Como gestor, aprendi que boas intenções não bastam. É preciso planejamento, metas claras, valorização do professor, revisão de práticas pedagógicas e coragem para enfrentar privilégios e estruturas ultrapassadas. Também é essencial investir em tecnologia e inovação pedagógica, criando ambientes de aprendizado mais dinâmicos, conectados com o mundo real e com as demandas do século 21.

Além disso, é necessário ter a humildade de escutar quem está na ponta: os educadores, os estudantes, as famílias. A escola não pode ser um laboratório de ideologias - ela precisa ser um território de conhecimento, liberdade e oportunidades.

A construção de um novo futuro começa agora - e passa por reconhecer que a educação deve ser o eixo de todas as políticas públicas. O futuro está em jogo, sim. Mas ainda dá tempo de virar esse placar, com seriedade, compromisso e a firme convicção de que, quando a educação vence, todos vencemos juntos.

Leonardo Pascoal
Secretário de Educação de Porto Alegre

Artigo publicado na edição de 22 de maio do jornal Zero Hora