Porto Alegre apresenta protocolo de cuidado para pessoas com doença falciforme

16/08/2023 16:40
Cristine Rochol/PMPA
SMS
Objetivo é apoiar a rede de atenção à saúde para promover uma linha de cuidado contínua e efetiva

O protocolo clínico com fluxo de atendimento para pessoas com doença falciforme foi apresentado na tarde desta quarta-feira, 16, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A ideia é apoiar a rede de atenção à saúde de Porto Alegre, indicando o papel de cada serviço e estimulando a integração entre eles para promover uma linha de cuidado contínua e efetiva. O evento reuniu 180 pessoas, entre gestores e profissionais da área, na sala Jacarandá do Centro Cultural da Ufrgs.

Na abertura da programação, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, destacou a importância de identificar precocemente a doença para definir o itinerário do paciente na rede de atendimento. “Por meio do conhecimento, evoluímos no cuidado, então, é importante que a gente fortaleça essa integração para qualificarmos a assistência, olhando o paciente de forma integral e garantindo o acesso à saúde”, afirma.

A coordenadora da área técnica para Saúde das Pessoas com Doença Falciforme da Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro, Márcia Alves, participou do evento como painelista. “É preciso celebrar essa conquista de Porto Alegre, pois, a partir da linha de cuidado, conseguimos prever todo o itinerário terapêutico que se inicia no diagnóstico e viabiliza um percurso qualificado para atenção na saúde”, avalia.

Segundo ela, o protagonismo da capital gaúcha corrobora com o movimento global, já que a doença falciforme compõe o grupo de doenças crônicas não-transmissíveis de interesse mundial. “É um problema de saúde pública no Brasil e no mundo que tem impactos significativos não só na qualidade, mas na expectativa de vida, com uma antecipação de aproximadamente três décadas de vida”, explica Márcia.

Também participou do painel a representante da coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde e coordenadora da área técnica da Doença Falciforme, Miranete Arruda. “Evoluir na linha de cuidado é muito importante para a Política Nacional de Saúde da População Negra, tanto no que se refere a conteúdos técnicos quanto no fortalecimento e realinhamento do cuidado”, diz.

Também integraram a mesa de abertura a diretora de Atenção Primária da SMS, Vânia Frantz; a representante da Secretaria de Atenção Primária à Saúde e da Coordenação Nacional de Atenção à Saúde da População Negra do Ministério da Saúde, Elaine Oliveira Soares; a coordenadora da seção de hemoglobinopatias do Hemocentro do Rio Grande do Sul e do Departamento Estadual de Sangue e Hemoderivados, Giovanna Diaz; a coordenadora de Políticas Públicas de Saúde da área técnica de Saúde da População Negra, Gisele Martins Gomes; e a coordenadora da Comissão de Saúde da População Negra do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, Maria Letícia Garcia.

Entenda a doença falciforme – é uma condição genética hereditária que teve origem no continente africano e afeta os glóbulos vermelhos, resultando em células de formato anormal, semelhante a uma foice. Isso pode levar a complicações de saúde significativas e afetar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

A coordenadora de Políticas Públicas da SMS e da área técnica de Saúde da População Negra, Gisele Martins Gomes, destaca a estimativa do IBGE (2021) mostrando que 56% da população brasileira é negra, entre pessoas pretas e pardas, o que indica uma grande presença de traços de descendência dos povos africanos e explica o fato de a doença falciforme ser uma das condições de adoecimento hereditárias mais comuns no país e, por isso, incluída entre as ações prioritárias da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

O diagnóstico precoce garante a aplicação de ações preventivas e profiláticas, impactando na redução da morbimortalidade. Pode ser feito no teste do pezinho, com a coleta de uma gota de sangue do calcanhar do bebê entre o terceiro e o quinto dia de vida, ou pelo exame de eletroforese, a partir do quarto mês de vida.

 

Vanessa Conte

Cristiano Vieira

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