Obra-prima da Nouvelle Vague Indiana no Projetos Raros
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A Cinemateca Capitólio Petrobras (rua Demétrio Ribeiro, 1085, Centro Histórico) realiza a primeira edição de 2019 do Projeto Raros nesta sexta-feira, 11, com a exibição de Duvidha (1973, 82 minutos), de Mani Kaul, uma das principais obras-primas da Nouvelle Vague Indiana, movimento que começou na França e defendia a inclusão do diretor de cinema no panteão dos indivÃduos-artistas, como pintores e escritores. A sessão será comentada pelo diretor e pesquisador Bruno Carboni. Exibição em HD com legendas em português. A entrada é franca.
Duvidha, de Mani Kaul, é um capÃtulo essencial da história do cinema indiano. Ambientado em uma área rural do Rajastão, o filme é baseado em uma história do poeta Vijayadan Detha, que relata um conto popular da região sobre o filho de um comerciante, Krishanlal (Ravi Menon), cuja relação com sua jovem noiva, Lachhi (Raisa Padamsee), é frustrada por duas razões: as viagens de trabalho e a aparição de um fantasma.
Com um trabalho no uso do som e forte influência das pinturas em miniatura de Kangra e Basholi na construção visual, Duvidha ganhou reconhecimento, alcançando o status de obra-prima do cinema de vanguarda dos anos 1970. Â
O diretor, Mani Kaul, disse certa vez que conseguiu se curar da doença chamada realismo com dois mestres: Robert Bresson e Ritwik Ghatak (seu professor de cinema e um dos mais importantes realizadores modernos indianos). Apropriando-se de uma história fantástica em seu terceiro longa-metragem, o realizador intensifica a ruptura com as duas correntes máximas que dominavam a produção nos anos 1960, a dos grandes espetáculos melodramáticos, realizados especialmente na indústria de Bombaim, e a do realismo poético, representado em seu esplendor pelos filmes de Satyajit Ray, o autor da Trilogia de Apu e outras obras-primas.
Para o ensaÃsta indiano Amit Chaudhuri, em Duvidha, Kaul torna-se o primeiro artista a dar uma expressão cinematográfica consciente ao fato de que a Ãndia moderna, desde a metade do século XIX, foi atraÃda pela iconografia religiosa ou folclórica, não por motivos relacionados à busca por uma essência ou tradição indiana, mas porque essa iconografia contém em si um jogo livre de abstração.
O diretor - Mani Kaul nasceu em Jodpur, Rajastão. Graduou-se no Film and Television Institute of India em Pune, onde foi aluno de Ritwik Ghatak e, posteriormente, acabou lecionando. Seu primeiro filme, Pão Cotidiano, explora novas formas de expressão, definindo o que viria ser a Nouvelle Vague Indiana. Sua elaborada teoria sobre a prática estética contemporânea, “Seen from Nowhereâ€, foi publicada no livro Conception of Space: Ancient and Modern. Morreu em 2011, aos 66 anos.
DuvidhaÂ
Ãndia, 1973, 82 minutos, HD
Direção: Mani Kaul
Elenco: Raisa Padamsee, Ravi Menon
Cinemateca Capitólio Petrobras
Sexta-feira, 11, 20h
Entrada franca
A sessão será comentada pelo diretor e pesquisador Bruno Carboni.
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Denise Righi