Paço dos Açorianos: 120 anos de um patrimônio de Porto Alegre e palco da história

18/04/2021 08:19
Alex Rocha/PMPA
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Combinação de diferentes estilos arquitetônicos faz o prédio ser considerado pelos estudiosos uma obra de arte

Concluído em abril de 1901, quando a República recém estava sendo implantada no Brasil, o Paço Municipal, ou Paço dos Açorianos, como também é conhecido, está completando 120 anos. Um século e um quinto de vida que contam boa parte da história de Porto Alegre, o prédio guarda em suas paredes grandes memórias. Encravado no coração da cidade, foi erguido em estilo eclético no fim do século XIX e início do século XX para ser a sede da Intendência da Capital. Destaca-se pela arquitetura imponente da sua construção. (fotos)
 
Originalmente projetado pelo engenheiro Oscar Bittencourt, a pedido do intendente da época José Montaury, o trabalho não foi do agrado do então governador Júlio de Castilhos, e um novo projeto foi encomendado a um arquiteto italiano, o veneziano João Antônio Luís Carrara Colfosco.
 
Impregnados pelo espírito positivista da época, os contornos do Paço Municipal vão desde os adornos neoclássicos da sua fachada externa, passando pelos modernos desenhos em forma octogonal do forro do Salão Nobre, até as colunas toscanas e coríntias e a linda escadaria interna com traços barrocos que, banhada pela luz solar da claraboia, conduz ao terraço do edifício de onde é possível ter uma visão privilegiada do Centro Histórico. E é essa combinação de diferentes estilos arquitetônicos que faz o Paço dos Açorianos ser considerado pelos estudiosos uma obra de arte.
 
O atual diretor do Acervo Artístico diz que o prédio é um monumento para a cidade e para os porto-alegrenses. Flávio Krawcyk lembra o grande valor histórico, já que foi o primeiro prédio erguido pelos republicanos em Porto Alegre. "O Paço é motivo de muito orgulho a todos nós e conservá-lo é preservar a nossa história", afirma. Concluído em abril de 1901, passou a ser ocupado por serviços municipais a partir de 15 de maio daquele ano.
 

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Escadaria que conduz ao terraço é banhada pela luz da claraboia

Tombado como patrimônio pelo Município nos anos 70, o edifício abarca mais de 3 mil metros quadrados e reflete o positivismo que reinava nos inícios do século XX e aparece por todas as partes. Nas estátuas da fachada principal, por exemplo, as figuras centrais representam a Justiça e a República; no lado direito o conjunto escultórico tem a Liberdade ladeada por representações alegóricas da História, Democracia e Ciência; e no lado esquerdo da fachada principal, outro grupo de estátuas traz referências à Agricultura, ladeada pelo Comércio e a Indústria.
 
O prédio já passou por inúmeras reformas, mas nunca perdeu a sua função original: a de ser a sede político-administrativa da municipalidade. Krawcyk explica que adaptações foram sendo feitas desde a abertura quando ainda abrigava, além do gabinete do chefe do Executivo Municipal, uma Inspetoria de Veículos, a Assistência Pública e a cadeia que ficava no porão. O local onde era a cadeia foi transformado em um espaço para exposições artísticas contemporâneas e hoje é um dos locais mais visitados pelas mais de 10 mil pessoas que acessam o Paço, por ano.
 

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Prédio foi concluído em abril de 1901 e passou a ser ocupado em 15 de maio daquele ano

Outro local que merece destaque é o suntuoso Salão Nobre adornado em suas paredes por três grandes painéis de Carlos Scliar que mostram a arquitetura da cidade no século XIX, o contraste da Porto Alegre moderna na década de 1970 e a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, o maior evento religioso da cidade. A Pinacoteca Aldo Locatelli também é um recanto preferido para vernissages e eventos culturais.
 
Por tudo isso, e pelos fatos políticos e acontecimentos sociais marcantes que desfilaram à sua frente, como a greve geral de 1917, o comício das Diretas Já de 1984 ou os protestos de 2013, entre outros, o Paço dos Açorianos é uma colcha tecida pelo passado, presente e que assim deverá permanecer no futuro, como um legado artístico, histórico e cultural de Porto Alegre.
 
Visitação - Em função da pandemia da Covid-19, as visitas estão temporariamente suspensas. Em épocas normais, as visitas podem ser feitas de segundas a sextas-feiras em horário comercial. Não há necessidade de agendamento prévio. Guias orientam a visitação.

Ivani Schutz

Gilmar Martins