Luciano Lanes/PMPA

Carteira de habilitação no bolso, ou na bolsa. Mas o carro, de forma alguma, sai da garagem. É a amaxofobia, ou medo de dirigir, que afeta cerca de dois milhões de brasileiros. E 70% deles são mulheres. Estas informações, divulgadas pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), entre outras questões sobre ansiedade e direção, foram abordadas nesta quarta-feira, 26, pela psicóloga Patrícia Lemos Kayser, do Instituto Viva Melhor Agora (IVMA), em sua palestra na EPTC sobre o Desafio de Vencer o Medo de Dirigir. 

Na palestra, diante de uma plateia de cerca de cem pessoas, em grande parte do sexo feminino, Patrícia aponta causas que levam muitos indivíduos a terem medo, e até pavor, de dirigir: “Estas pessoas sofreram algum tipo de trauma, um acidente no trânsito por exemplo. E bloqueiam. Simplesmente não retiram mais o carro da garagem", destaca. Segundo a psicóloga, a questão cultural também pode influenciar, ainda mais no caso das mulheres. "Quantas vezes ouvimos no trânsito frases como só podia ser mulher. Ou o lugar de mulher é na cozinha, não na direção de um carro. Certamente ainda existe muito machismo. A crítica é muito forte neste aspecto. E isto atrapalha, entre outras diversas questões”, esclarece. 

Mas ela garante que esta fobia pode ser enfrentada e vencida: “Antes de tudo, o autoconhecimento é importante como primeiro passo para superá-la.  O tratamento é um processo de muita paciência, de acreditar em si mesmo, de saber que todos temos limitações, mas que devemos tomar uma atitude, pois certamente podemos realizar aquilo que sonhamos e desejamos. É evidente que o conhecimento do veículo, e a prática, também ajudam”, afirma a psicóloga.

Na plateia, a funcionária pública Denise Mota ficou bastante emocionada com a palestra: “Gostei demais. Recentemente conquistei minha carteira de motorista, mas após a décima tentativa. Foi uma luta para superar esta primeira etapa. Mas sou persistente e certamente vou dirigir tranquilamente”. Sentada ao seu lado no auditório, a pedagoga aposentada Guerta Haab conta que se envolveu em um acidente há cerca de 20 anos. Desde então, seu carro nunca mais saiu da garagem: “Minhas duas filhas, na época, tinham dois e seis anos. Eu era a motorista quando houve um choque com um outro carro. Felizmente sofremos ferimentos leves. Mas meu trauma persiste até hoje. Agora finalmente tomei coragem para dirigir novamente. E vou conseguir”, garante. 

Diego Marques, da Coordenação de Educação para a Mobilidade (CEM), explica que o evento faz parte das atividades do Programa CFC Amigo, que busca uma circulação mais segura para todos: “São atividades que trabalham questões sobre uma circulação mais consciente. O medo de dirigir é um fator que, além de prejudicar a vida das pessoas, pode causar acidentes. A CEM está aberta a todos os interessados em contribuir por um trânsito com menos riscos. Temos muitos programas na área da educação. É só ligar para o fone 32894484/4485."

Também estiveram presentes no evento o secretário municipal da mobilidade urbana, Rodrigo Tortoriello, o assessor institucional da EPTC, Aldo Borges, além de integrantes da CEM da EPTC.