Bikemania aquece comércio e interesse pelas magrelas

23/12/2019 15:05
Gustavo Roth/EPTC PMPA
TRANSPORTE E CIRCULAÇÃO
Já são cerca de 52 quilômetros exclusivos de ciclovias na cidade, incentivando o uso da bicicleta no dia a dia

Somente no uso de bicicletas compartilhadas, já foram mais de um milhão de viagens pela cidade neste ano. Esta nova realidade no cenário da mobilidade de Porto Alegre tem aquecido consideravelmente o comércio e o interesse pelas bikes. É visível o avanço das ciclovias na cidade - são cerca de 52 quilômetros exclusivos -, trazendo como consequência o incentivo para a circulação das magrelas nas ruas, para lazer e também para o trabalho das pessoas. E, segundo comerciantes, a perspectiva se torna ainda mais positiva com a chegada dos meses de verão, época das férias, com temperaturas que facilitam e incentivam a prática de exercícios.

O elevado crescimento no número de alvarás de funcionamento empresarial emitidos na Capital neste ano pela prefeitura até novembro, pela Sala do Empreendedor, confirma esta nova realidade. Em 2019, foram emitidos 29 alvarás envolvendo licenças para comércio a varejo de peças e acessórios, novas lojas e oficinas de reparação de bicicletas. É mais que o dobro dos últimos três anos (2018, 2017 e 2016), que registraram 14 licenciamentos.

Gerente da loja M Bike, da fábrica South Bike, localizada na av. Ipiranga 1.445, bem ao lado da ciclovia no bairro Azenha, Mateus Dalla Lana comemora estes novos tempos no perfil da mobilidade urbana: “Há três anos tínhamos uma loja no Estado. Agora já são cinco, sendo quatro na Capital e uma em Novo Hamburgo. É visível na cidade o crescimento pelo interesse em relação às bicicletas", diz Mateus, que também participa no projeto social Pedal da Inclusão. "Certamente as vendas aumentaram. Diante deste quadro, de crescimento no comércio, com mais ciclistas nas vias, quero lembrar que as ruas são espaços para todos, uma realidade que exige respeito e cuidados nas relações, para prevenir acidentesâ€.

Influenciado pelo seu pai, Artur Vieira Marques de Macedo, que no final dos anos 30 já era um ciclista profissional em Porto Alegre, participando inclusive em provas de equipe até no Rio de Janeiro, Eduardo Macedo, 32 anos, gerente da loja Maiss Bike Store, localizada na Praça Garibaldi nº 78, sempre foi um dos grandes entusiastas das bikes: “Vivemos um momento extremamente positivo em valorização das bicicletas. Aumentaram acentuadamente as vendas de acessórios, em manutenção. O movimento na nossa loja é intenso, inverno e verão. Até dobramos o número de funcionários. A criação da ciclovia da Érico Veríssimo ajudou bastante o nosso comércio aqui na lojaâ€.

Pablo Weiss, dono da Maiss Bike Store, integra o Conselho Municipal Cicloviário de Porto Alegre. Defensor ferrenho da bicicleta, dá vários motivos para o uso cada vez maior deste modal na mobilidade urbana: “Além de fazer muito bem para a saúde das pessoas, como todos sabemos, qualifica a circulação, retirando carros do trânsito e, por consequência, com redução dos congestionamentos. Certamente diminui os gastos públicos, sendo o melhor investimento do poder público para a mobilidade. E, ao contrário da opinião de alguns, beneficia também o comércio em geral. Nova York, entre outras tantas cidades, é um exemplo desta realidade. Lá as pesquisas demonstraram um aumento de quase 50% nas vendas do comércio na 9ª Avenida após a implementação de ciclovias. Em outros locais da cidade, chegou a dobrar o incremento nas vendasâ€.

 “A bicicleta salvou a minha vidaâ€. A frase é do eletricista aposentado Arizelmar dos Anjos da Silva, 60 anos, que conseguiu se recuperar plenamente de uma cirurgia em razão de seus exercícios diários: “O médico que me operou foi claro. Minha rápida recuperação aconteceu porque sou ciclista, há mais de 30 anos. Foi exatamente o que o médico afirmou. Hoje, recentemente aposentado, pedalo, no mínimo, 20 quilômetros diariamente, principalmente aqui na Zona Sul, já que moro na Restinga. Participo em provas, já fui de bicicleta até Montevidéu. Minha próxima meta, neste verão, é pedalar até Buenos Aires, cerca de 2 mil quilômetros. Bicicleta é tudo de bomâ€.

Fabio Berwanger Juliano, diretor-presidente da EPTC, lembra a importância do compartilhamento do espaço urbano “Não podemos mais planejar as cidades pensando somente em automóveis. O que a EPTC tem feito é simplesmente compartilhar o espaço urbano, abrindo caminhos não para uma geração futura, mas sim para todos os porto-alegrenses que hoje já clamam por uma cidade mais democrática e moderna em matéria de trânsito e transporte. Faixas exclusivas para o transporte coletivo e ciclovias não são objeto de polêmicas no Primeiro Mundo. Ciclovias, segundo diversas pesquisas, também estimulam o comércio e a visibilidade dos estabelecimentos comerciais. Inclusive empreendimentos comerciais e residenciais já anunciam a proximidade com ciclovias como atrativo e valorização dos imóveisâ€.

 

Claudio Furtado

Gilmar Martins